Pensando na minha vida

Há muito tempo venho me questionando sobre o sentido de continuar seguindo na minha carreira de docente na Rede Estadual de Ensino de São Paulo, decorrente das dificuldades em que passo dia-a-dia, como a falta de materiais para todos os alunos; um ensino padronizado que veio de cima para baixo, que acabou desconsiderando a realidade de cada escola;a falta de um salário decente para professores; alunos com falta de estrutura familiar que passam a refletir sua revolta na comuindade escolar, entre outros problemas.

Ontem quando assisti ao programa eleitoral e vi o nosso caro ex-governador comentando que o salário do professor passou por um grande aumento durante seu governo, isso me indignou ainda mais. Quanta hipocrisia!

Porém, quando lembro dos rostinhos dos meus alunos, rostinhos esses que deixam transparecer uma necessidade de oportunidades, de sonhos, de carinho, começo a me questionar, se mesmo com todas as dificuldades que enfrento diariamente, não posso vislumbrar o lado positivo de tudo isso, e aproveitar para desenvolver meu lado mais humano. Nesse ambiente, estou a cada dia me sentindo mais útil auxiliando-os a encontrar uma maneira mais fácil de vencer os obstáculos que a vida lhes impõe.

" Feudalismo", " Grécia", " Formação das Monarquias Nacionais", " A expansão para o Oeste dos Estados Unidos da América", ensino sim, faz parte do currículo obrigatório. Eles aprendem? Muitos sim, talvez com mais facilidade, aqueles que possuem o apoio dos pais, e que não vão para escola só para comer a merenda!

  Atualmente, tenho procurado seguir a seguinte linha de pensamento:

" Estou aqui ( na rede pública de ensino) para ajudá-los no que eu posso, seja enquanto uma  professora que transmite o conteúdo de História nas suas aulas,  seja para ajudá-los  nas suas necessidades enquanto seres humanos sedentos por um olhar caridoso".

Enquanto profissional encontro-me mais realizada perante os resultados dos alunos na rede particular em que também ministro aulas, mas enquanto ser humano.... ah esse lado ser humano, esse lado eu me realizo é lá na periferia.

Talvez hoje eu não me sinta tão frustada com a minha carreira e consiga ser "feliz" dentro da rede pública por ter a rede privada como respaldo para minha satisfação profissional, ou talvez seja o oposto.

O que importa é que a cada dia tenho tentado enxergar o lado positivo de cada coisa, de cada situação, de cada ser humano, de cada oportunidade!

Abraços